Quando virá a nova aposta tecnológica que substituirá a computação na nuvem? Por curiosidade, repita a pesquisa que acabo de fazer no Google e veja quais resultados obtém para os seguintes termos:
- Google Cloud (360 milhões)
- Microsoft Cloud (234 milhões)
- Apple Cloud (204 milhões)
- IBM Cloud (88 milhões)
- Oracle Cloud (56 milhões)
O resultado de cada página de respostas traz, em seus primeiros links, a explicação da estratégia de cada uma destas empresas com relação à computação em nuvem, ou na nuvem. Eu mesmo sou um grande usuário da nuvem. Começamos a usar o Google Docs aqui na empresa em 2006 e esta foi a solução que encontramos para trabalhar continuamente nossos documentos em conjunto, independente de onde estão os colaboradores.
De fato, foi o Google quem definiu a nuvem em seu sentido prático e é o mais ousado em propor um sistema operacional cujo "hardware" será a própria nuvem. Dois desenvolvimentos de sistemas operacionais seguem lado a lado no Google: o Android para os dispositivos móveis e o ChromeOS para a nuvem. Como ambos têm por base o Linux, acho que não demora muito para eles acabarem por mesclar-se em uma coisa só. O já anunciado ChromeBook promete ser um tablet/netbook que vai rodar apenas um navegador muito rápido: seus programas e arquivos estarão todos na nuvem do Google.
A Microsoft, dentre outras coisas, promete levar seu XBOX 360 para a nuvem e permitir, com isso, que um jogador compartilhe melhor seu desempenho nos jogos e possa, de qualquer console, seguir um jogo iniciado em qualquer outra.
A Apple acena com uma independência de seus dispositivos, cada um deles passando a ser mais um cliente da "sua" nuvem. Grifo no "sua". O novo sistema operacional Lion, mesmo mantendo suas raízes no bom e velho Unix, vem totalmente integrado à Apple Store e a programas que sincronizam informações entre todos os seus dispositivos rodando o Lion ou o iOS 5.
A IBM deve manter-se especialmente como uma grande empresa de infraestrutura para a nuvem. Afinal, independente de onde a nuvem estiver, no fundo ela vai precisar de hardware de verdade para funcionar, assim como servidores web muito confiáveis.
A Oracle ninguém entende direito o que faz.
Recentemente conversei com Jon "maddog" Hall sobre o assunto, em uma entrevista feita para a divulgação da Latinoware 2011. Dentre muitas coisas ele diz preferir que a nuvem, ou ao menos parte dela, esteja localizada no porão de sua casa e que lá exista alguém que o ouça e tome alguma atitude quando ele tiver algum problema com seu hardware ou software. Ele também questiona a questão da privacidade e problemas que ainda devem ser resolvidos: "não será mais fácil roubar dados de cartão de crédito que estão na nuvem?".
Eu confio no Google ao deixar muitos de meus documentos pessoais e de nossa empresa em sua nuvem, mas confesso sentir um certo frio na espinha quando descubro o quanto, cada vez mais, o Google me conhece. Eles dizem que não farão o mal. O fato é que estamos, ao menos a grande maioria de todos nós, entregando para a tal da nuvem (Facebook incluso) porções cada vez maiores de nossos dados pessoais, privados e confidenciais. Estamos confiando demais em uma entidade tão abstrata quanto a nuvem?
O filósofo gaúcho Hermes Aquino disse, profeticamente, um dia:
"Eu sou nuvem passageira
que com o vento se vai.
Eu sou como um cristal bonito
que se quebra quando cai."
Artigo publicado no Dicas-L