Meu Fórum Social Mundial

Uma das preocupações do Fórum Social Mundial que por seis dias transformou Porto Alegre em um caldeirão internacional de idéias foi justamente a de dar forma a estas idéias, transformando-as em propostas que viabilizarão um outro mundo possível. Não que o primeiro encontro não tenha produzido nenhuma proposta, pelo contrário. Uma das provas disto foi o imenso número de publicações que sugerem formas de globalização - ou internacionalização, como preferem alguns - que partam da solução para os problemas das pessoas e comunidades, e não da criação de novos mercados para o capital. Um dos livros que adquiri e recomendo é "O Mundo das Alternativas - Pequeno Dicionário para uma Globalização Solidária", de Jéferson Assumção e Zaira Machado, editora Veraz.

Isto mostra que o Fórum não é o encontro dos "do contra", como alguns poucos ainda cismam de apelidá-lo, e sim uma grande oficina de produção de alternativas que, postas em prática, mudam o mundo. Agora, colocá-las em prática depende de cada um de nós e de nossa capacidade de atuação em equipes, em nossas comunidades, exercendo liderança e democracia.

Esta é a segunda vez que participo do Fórum em Porto Alegre, e sempre trabalhando naquilo em que posso realmente ajudar alguém, ou seja, participando das oficinas de Sofware Livre. Nestas oficinas explicamos que todo o conhecimento científico humano deve estar ao alcance de todos, e não escondido artificialmente atrás de mecanismos como patentes ou direitos autorais funcionando como meio de acumulação de capital. Além disto, procuro viver o exemplo que damos nestas oficinas: a produção de sistemas em software livre na Univates é a prova de um compromisso e a realização de uma proposta de oferecer alternativas para um mercado acostumado a pagar por um programa de computador cujo conhecimento técnico está restrito a empresa que o produziu.

Ainda há um caminho longo a percorrer para que todos possam ter acesso à tecnologia, mas seguimos a passos largos graças a um grupo já grande que contesta a propriedade do conhecimento nas mãos de poucos. Uma das nossas ações práticas é a disponibilização de nossa base de conhecimento técnico em um sistema dinâmico de perguntas e respostas, o Rau-Tu (http://rau-tu.univates.br), para que mais pessoas possam descobrir como trabalhar com software livre e contar com o apoio daqueles que já convivem com esta tecnologia. O Rau-Tu, por sinal, é um sistema criado pela Unicamp, do qual nos apropriamos, assim como a UERGS, a Faculdade Batista de Vitória, a Faculdade de Teologia de Belo Horizonte, a Faculdade São Lucas de Rondônia, entre outras, apropriaram-se do SAGU, um sistema administrativo desenvolvido em software livre pela Univates. Ainda graças ao Software Livre, crianças de 2.200 escolas da nossa rede estadual de ensino poderão ter acesso à internet ainda este ano.

Cada pessoa tem ao menos uma habilidade, uma competência que pode transformá-la em um agente de mudança na criação de um novo e melhor mundo possível. No ano que vem, teremos novamente o Fórum Social Mundial em Porto Alegre, antes que ele se torne um evento itinerante mundo afora. Pense bem. Será que você também não tem também uma proposta para o novo mundo que estamos ajudando a criar?



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