Manual do Mundo

El Manual del Mundo, traducido por Rodolfo Pilas
The World's Manual, translated by Nicholas E. Walker

Quando me entregaram o mundo veio assim mesmo, sem manual. Fui me virando do jeito que dava, tentando entender um pouco mais a cada dia, até que desisti de vez. Não dá mesmo pra entender e é por isso mesmo que o mundo vem sem manual. Viesse com, a gente ia passar mais tempo lendo do que vivendo a vida. E, ainda assim, tem gente que fica tentando entender, se situar, saber de onde veio e pra onde vai e, quando vê, perdeu a oportunidade de tanta coisa boa...

Eu sempre me atirei meio de cabeça em tudo mesmo. E, neste ano, entrei numas de querer entender porque algumas coisas aconteciam. Perdi um tempo danado e não cheguei a nenhuma conclusão nova. Tudo o que eu precisava saber eu já tinha mesmo aprendido no jardim de infância ou na série original do Jornada nas Estrelas. Como não dá mesmo pra entender tudo, de tempos em tempos a gente tem que voltar ao básico, ao muito básico. Lembrar que amigos de verdade, de verdade mesmo, são poucos e são aqueles que vão te aturar mesmo nos momentos em que tu mesmo quase não te aturas mais. Lembrar que amor é pra durar pra sempre e que, ao mesmo temp,o é uma escolha diária e uma eterna conquista. E lembrar que a gente acerta mas também se engana e que mesmo não sendo más em essência, há pessoas que só seguem sua própria agenda e não estão nem aí pra ti ou pra outros.

Agora, digo uma coisa: o mundo tá cheio de gente e grande parte desta gente é legal mesmo. É uma pena que o noticiário nos faça ver mais tragédias do que coisas boas, porque dando uma volta aí pelo mundo dá pra ver que é bem o contrário mesmo. Tem muita gente legal e muita coisa boa. Bastaria aqueles que só cuidam da sua própria agenda olhar para os lados pra se darem conta de que o mundo não é só deles que aí tudo ia ser ainda melhor.

E nestas de querer entender eu quase mudei este ano... Fiquei meio desconfiado, me preocupando com o que os outros pensam. Mas já desisti e vi que só tenho mesmo é que me preocupar com o que pensam aqueles que gostam mesmo de mim. Os outros que sigam com suas agendas. Já passei dos 40 e se tenho aqueles poucos e bons amigos que me aceitam, com o pacote completo, está mais do que bom assim.

"Tudo sempre, sempre, sempre igual. Tudo eternamente genial!" disse o Kleiton Ramil em uma música sobre a casa da família dele no Laranjal. Pra poder mudar a gente tem mesmo que contar com coisas boas que não mudam, para as quais a gente sempre pode voltar. O ano de 2005 vai ser de muitas mudanças, novas e deliciosas brigas. Mas eu vou continuar o mesmo durante todo o ano. Claro que vou seguir aprendendo mais coisas, mas minha essência vai seguir a mesma. E com frequência vou estar na minha base: minha mulher, filhas, pais, irmãos e aqueles poucos e bons amigos que sei que vão estar sempre com um ombro, um colo e muito ouvido disponível. Graças a esta base permanente e imutável é que toda a mudança é boa!

Feliz Natal, e um 2005 branquinho pra vocês escreverem nele o que for melhor para todos nós!



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