Istambul V - Catedrais e Bazares

O mais antigo relato dá conta que Istambul nasceu 650 anos antes de Cristo, fundada por uma tribo de navegadores liderados por Byzas, mas escavações mostraram que tem gente por aqui desde 8.000 anos antes deste relato. Istambul, antes Constantinopla, foi considerada a capital do mundo por cerca de 1600 anos, por ter sido o centro decisório e principal cidade dos impérios Romano, Bizantino e Otomano. Aprendi isto em história geral, mas só fui me dar conta disto tudo agora.

Linux Istambul terminou ontem, com o Maddog falando sobre o Kernel 2.5, que inclusive já estou usando há alguns meses em meu valente Sony Vaio rodando o Conectiva 8. Não há muito a se dizer sobre as palestras de sexta, pois tirando a do Maddog, as outras todas foram repetições das que ocorreram nos outros dias. É sempre impressionante ver como o Maddog tem carisma: ele pode falar sobre qualquer assunto que sempre cativa a platéia. Acho que ele é mesmo o Papai Noel.

Como estarei falando sobre a evolução da utilização comercial do Linux no mundo em outubro na UCPel, aproveitei para conversar bastante com o Donald Rosenberger e a Leslie Proctor. O Donald mantém a coluna Rosenberg's Corner, no site ConsultingTimes.com, e a Leslie tem sido a principal pessoa de relações públicas de projetos Open Source como o GNOME e a OSDL. Enquanto a Leslie diz que as empresas que não tem uma estratégia definida para a adoção do Free Software/Open Source estão fadadas a perder espaços perante a concorrência, o Donald, em um tom bastante desafiador, alerta para o fato de que a Microsoft já tem criada a sua rede particular, paralela à Internet e usando a mesma infraestrutura, e que por dominar o desktop vai começar cada vez mais a controlar os conteúdos e protocolos, deixando pouco espaço para tecnologias alternativas. Quanto à minha segunda apresentação, desta vez tive o próprio Donald Rosenberger na platéia, mas por motivos bastante particulares: a mulher dele é bibliotecária, e consultora na implantação do padrão MARC21, que o nosso GNUTECA implementa integralmente.

Acabei jantando com o Prof. Sun, Nick Walker, Maddog e Bdale Garbee, que em nome da HP pagou a nossa conta. Grato mais uma vez à HP, que foi quem também pagou minha viagem, do Mazoni, do Roxo e do neo-gaúcho Prof. Sergio Campos para a LinuxWorld. Jantamos à beira do canal do Bósforo, que une o Mar Negro ao Mar de Marmara. Depois do jantar passei minhas fotos para o micro do Maddog que depois vai gravar um CD com elas, para que eu tivesse mais espaço para as fotos de hoje.

Pela manhã, fomos ao aeroporto tentar arrumar nossas passagens. A Lufthansa andou trocando uns vôos, e inclusive cancelou o vôo direto de Frankfurt para Porto Alegre, assim não conseguirei passar um dia em Frankfurt com a turma do KDE como eu havia planejado, infelizmente. Fico aqui até o dia nove quando retorno diretamente para o Brasil (vocês estarão lendo este e-Mail depois disto). Não faz mal, fica para a próxima.

Em seguida, fomos visitar a Mesquita Azul, onde, como eu estava de bermuda, tive que vestir uma sainha muito macha, e Ayasofya, uma das oito maravilhas do mundo (a ponte de ferro sobre o Rio Taquari, que divide Lajeado de Arroio do Meio é considerada hors-concours). Ayasofya foi erguida como um templo dedicado à sagrada sabedoria, construído por Constantino na segunda metade do século 4. Constantino foi o primeiro imperador romano a converter-se ao cristianismo (na verdade, nunca lembro se foi o Constantino pai ou o Constantino filho), e a julgar pelo tamanho da pia batismal, ele resolveu batizar os romanos a granel. Ayasofya serviu como uma catedral aos católicos até o século 16, quando tornou-se uma mesquita, e hoje é um museu para as religiões católica e muçulmana.

Das catedrais, aos bazares, o grande bazar turco e o bazar dos ciganos (ou dos temperos). Um bocado de gente se oferece como guia, e inevitavelmente a gente acaba em uma loja de tapetes caríssimos, de onde a gente sai o mais rápido que pode. Aqui o negócio é negociar, e levamos a coisa a sério. Em uma loja de porcelanas belíssimas entramos eu e o Tim Ney, devidamente instruídos na noite anterior pelo Siyami. Negociamos, negociamos, e por fim o vendedor falou: "Olha, eu sei que alguém disse para vocês pechincharem, mas assim já é demais! A gente fala um preço que é uns 30 ou 40% acima do que a gente pode vender, mas baixar mais do que eu estou fazendo para vocês não dá!". Foi realmente engraçado. Eu e o Tim estamos pensando em encenar uma pecinha sobre a "venda" de Software Livre, baseada em nossa experiência no grande bazar.

Mas vai daí que o Maddog está lá fazendo suas comprinhas, quando aparece um cara com um jornal onde tem uma foto do bom velhinho. Ele, e o Bdale ganharam café, uns doces, e acabaram falando sobre Linux no meio do Bazar. Cumpriu-se a profecia!



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