Educação e Tecnologia - Notebooks em Erechim

Tem muita iniciativa bacana visando levar a tecnologia para a educação. Eu sempre fui muito crítico quanto ao uso do computador apenas nas aulas de informática, especialmente porque minhas filhas tiveram o privilégio de nascer já com o computador em casa, entre os meados dos anos 1980 e início dos anos 1990, e por minha mulher e minha mãe serem professoras. Também há a tradição na nossa família de valorizar a aprendizagem da música, da arte, da boa expressão escrita e, em tudo isso, o computador funcionou sempre como coadjuvante.

Lembro da minha filha Natália, hoje uma quase médica, desenhando no MSX com o joystick, muito antes de estar alfabetizada. Quando ela teve uma disciplina de programação em C, enquanto ainda cursava Engenharia de Bioprocessos, eu sei que a intimidade prematura com o computador acabou por ajudá-la.

Durante uns bons anos, a partir do início dos anos 2000, fui padrinho do grupo Gnurias, formado por várias universitárias que incentivavam o uso de tecnologia por crianças, adolescentes e membros da melhor idade, especialmente aqueles de baixa renda. A ideia era fazer com que eles fossem "mordidos" pelo bicho tecnológico e que, com o devido incentivo, fizessem pressão para obter os equipamentos necessários para o seu crescimento pessoal e profissional em suas escolas, cidades, comunidades. Nos trabalhos feitos nas escolas o grupo preocupava-se menos em ficar apresentando programas e mais em entender como estes programas poderiam ajudar as crianças com as disciplinas que já aprendiam na escola. Com a evolução do grupo, estes trabalhos acabaram formatando oficinas que eram levadas também a educadores. Tudo o que usávamos eram software livres, na maioria das vezes com a distribuição Tatuí Educacional.

A página 30 da Zero Hora de domingo, dia 20 de fevereiro, traz a excelente matéria "Do quadro negro ao computador", primorosamente escrita pela Marielise Ferreira, que conta que todos (leia-se bem: TODOS) os 470 professores da rede municipal da cidade gaúcha de Erechim ganharam notebooks. As máquinas vem com o Linux Educacional instalado, já preparadas para a conexão à Internet e os professores podem, obviamente, levá-las para suas casas.

Erechim tem quase 100 mil habitantes, situa-se ao norte do estado e foi uma das primeiras cidades planejadas brasileiras, com traçados urbanos inspirados em Washington e Paris. Como muitas cidades do interior gaúcho, possui uma tradição agrícola que, apesar de superada em muito pelo setor de serviços como fonte de renda da cidade, ainda é bastante importante. Investimentos no turismo estão sendo feitos para que esta área também represente uma fonte de renda importante em um futuro próximo.

Professores têm, em sua grande maioria, uma tendência natural à organização e ao compartilhamento de conhecimentos e ideias. Agora, os professores de Erechim poderão colocar seus perfis no Facebook, criar páginas e fóruns para a discussão de temas que interessem a eles, envolver os alunos em atividades extra classe, enfim, desenvolver um novo ambiente de aprendizagem coletivo do qual toda a comunidade irá se beneficiar. Tomara!

Publicado originalmente no Dicas-L



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